A pecuária é um dos pilares do agronegócio brasileiro. E como destaca o empresário e fundador Aldo Vendramin, é responsável por movimentar bilhões de reais por ano. O setor passou por uma revolução silenciosa nos últimos anos, com novos padrões de gestão, tecnologias e exigências ambientais que redefiniram seus custos e oportunidades. Entender o comportamento dos gastos e o papel das certificações verdes é essencial para garantir produtividade, credibilidade e sustentabilidade em um dos segmentos mais estratégicos da economia rural.
Neste artigo buscamos elucidar como funciona o dia a dia financeiro para você que pensa em começar seu próprio negócio ou que precisa de uma orientação para expandir os negócios.
Os custos da pecuária: o que mais pesa na produção
A estrutura de custos da pecuária é complexa e varia conforme o tipo de criação (extensiva, semi-intensiva ou confinamento). Em geral, os principais gastos estão concentrados em quatro áreas:

- Alimentação e suplementação: Representa até 60% do custo total da produção. Inclui ração, silagem, pastagem e insumos energéticos.
- Sanidade e manejo: Envolve vacinas, medicamentos, vermífugos e controle de pragas.
- Infraestrutura e mão de obra: Abrange cercas, currais, pastos, energia e salários.
- Reprodução e genética: Investimentos em melhoramento animal, inseminação e programas de seleção.
Nos últimos anos, o produtor tem enfrentado aumento no preço dos insumos, especialmente grãos e suplementos, o que pressiona a margem de lucro. Ao mesmo tempo, há um movimento de modernização: propriedades que adotam gestão tecnológica, análise de dados e práticas sustentáveis conseguem reduzir desperdícios e equilibrar os custos com eficiência.
Segundo o senhor Aldo Vendramin, o segredo está em tratar a pecuária como uma empresa, planejando cada ciclo, analisando resultados e investindo em qualidade e rastreabilidade, visto que a produtividade é o antídoto natural contra o aumento dos custos.
Certificações verdes e o impacto nos gastos da pecuária
As certificações ambientais, que antes eram vistas como um gasto adicional, passaram a ser reconhecidas como ferramentas de gestão e valorização comercial. Elas exigem práticas como uso racional da água, manejo sustentável do solo, bem-estar animal, controle de emissões e recuperação de áreas degradadas.
No primeiro momento, é natural que o produtor perceba um aumento pontual de custos, já que há necessidade de adequação estrutural, treinamentos e auditorias, explica o empresário. Entretanto, com o passar do tempo, os resultados mostram o contrário:
- Menos desperdício de insumos e recursos naturais;
- Maior eficiência nos processos de alimentação, manejo e transporte;
- Acesso a novos mercados que pagam mais por carne certificada e rastreável;
- Redução de riscos legais e melhor reputação no mercado.
O investimento em certificações é um movimento inteligente e estratégico. Ele transforma custos fixos em valores de marca e diferenciação competitiva, além de abrir portas para linhas de crédito verdes e exportações premium. Conforme Aldo Vendramin, produtores certificados, por exemplo, têm mais facilidade em negociar com frigoríficos e empresas que operam sob metas de carbono neutro.
A evolução da pecuária com a sustentabilidade
A modernização da pecuária vai muito além de técnicas de manejo. Ela envolve uma mudança cultural, um novo modo de enxergar a relação entre produção e meio ambiente. Propriedades que adotam práticas regenerativas, integradas à lavoura e à floresta (como o sistema ILPF), reduzem custos com fertilizantes e ração, além de melhorarem o desempenho do solo e a qualidade da pastagem.
Essas mudanças também impactam as emissões de carbono, um tema cada vez mais relevante. A pecuária tem sido historicamente associada às emissões de metano, mas novas tecnologias de nutrição e genética já conseguem reduzir significativamente o impacto climático do rebanho. Os produtores que registram e monitoram essas práticas ganham créditos de sustentabilidade, o que reforça sua imagem perante consumidores e investidores, expõe o empresário Aldo Vendramin.
O desafio encontrado é transformar a sustentabilidade em rotina operacional, e não em um discurso pontual. Isso significa medir resultados, criar indicadores e comprovar a eficiência ambiental em cada etapa da produção.
O cenário atual: os custos estão aumentando ou diminuindo?
Hoje, o setor vive um equilíbrio interessante. De um lado, os custos de insumos continuam altos devido à volatilidade do mercado global. De outro, o avanço tecnológico e as certificações ambientais estão reduzindo perdas e melhorando a eficiência produtiva.
Na prática, propriedades sustentáveis têm custos iniciais maiores, mas gastos operacionais menores a médio e longo prazo. A automação de processos, o uso de energia renovável, o manejo inteligente de resíduos e o controle de emissões diminuem despesas com energia, água e alimentação.
Além disso, o consumidor moderno valoriza produtos com origem certificada e impacto positivo, o que permite agregar valor à carne e ao leite, compensando o investimento inicial. Como considera o senhor Aldo Vendramin, essa é a equação do futuro: custos conscientes e retorno sustentável.
Certificação como ferramenta de competitividade
A pecuária brasileira vive um momento de transição. O modelo tradicional, baseado em volume e baixo custo, está sendo substituído por um sistema eficiente, rastreável e ambientalmente responsável. As certificações verdes deixaram de ser uma tendência para se tornarem um critério de sobrevivência econômica e reputacional.
Em suma, como ressalta Aldo Vendramin, o produtor que entende o valor da sustentabilidade não está apenas atendendo a uma exigência de mercado, está garantindo o futuro de sua propriedade. A pecuária do amanhã será aquela que produzir mais, poluir menos e conquistar a confiança do consumidor global. E nesse caminho, as certificações são o selo de credibilidade que conecta o campo ao futuro.
Autor: Diana Meister
